domingo, 1 de março de 2009

Contagem regressiva

Março chegou e hoje já é dia 2!
Isso significa que, mais do que nos últimos 11 meses, minha cabeça está quase pra fora da Nova Zelândia, mergulhada no Oceano Pacífico, lutando contra os tubarões pra voltar pra casa.

Voltar pra casa. Voltar pra casa. Voltar pra casa.

É estranho dizer isso. É estranho porque aqui já é minha casa. Apesar dos pesares, apesar de não estar trabalhando, de morar no meio do nada, de ser obrigada a dirigir, de tudo. Já não há mais estranhamento, a sensação da novidade, o filtro nos olhos ao entrar nas cidades e lojas que já são velhas conhecidas. Ao andar nas ruas, o som é familiar, os nomes, as gírias, o gosto da comida, os horários, a delicadeza, a programação da tv.

Agora o coração se divide entre a saudade acumulada de lá e a saudade antecipada de cá. Contamos os minutos pra chegar no aeroporto e tomar um Guaraná, mas também sentiremos falta da L&P e dos refrigerantes radioativos. Não conseguiremos comer um quarteirão com queijo sem pensar no quarterpounder e no the boss. Fico pensando se pediremos "half-a-kg of the kiwi shaved, please", ao invés de pedir duzentas de presunto sadia e se agradeceremos thanks cheers.

Se ainda saberemos pegar um ônibus e o metrô, carregar o bilhete único, se o trânsito fará sentido, se precisaremos de aquecedores elétricos, a gás, lareira, a óleo. Se procuraremos o lixão pra levar o lixo reciclável, o pine-o-clean pra limpar o balcão, o surf pra lavar a roupa e o mortein pra matar as malditas moscas.

E ao pensar nisso tudo, pensamos nas mães, pais, amigos e amigas que nos viram partir e que estarão lá quando chegarmos. Nos abraços conhecidos, guardados durante o ano todo, abraços de natal, aniversário, feliz ano novo, bebês recém-nascidos. No cheiro de feira e pastel, de 25 de março, de cera de chão e lustra-móveis, de óleo de banho e espuma de barbear.

Nos presentes que compramos aqui, somente lembrancinhas escolhidas a dedo, nas malas que me enlouquecem, na tensão do aeroporto, 16h de vôo, linha de mudança de data, viagem sempre clara, ir depois e chegar antes.

Voltar pra casa. Voltar pra casa. Voltar pra casa.

Casa é onde mora o coração.

Um comentário:

Tati Leutwiler disse...

Nossa, mãe...

Quase escorreu uma lágrima, tá?












Em maio é a minha vez!