quarta-feira, 13 de junho de 2012

Dia dos namorados


Ontem foi dia dos namorados ai no Brasil e isso tornou a internet um poço sem fim de slides melosos, logo, eu fui subliminarmente induzida a escrever esse post. (OBS: caso vc tenha reparado na existência de acentos e cedilhas, eu peguei meu laptop de volta e estou feliz da vida. Obrigada Darryn de Ashburton!)

Dia 1 de julho nós faremos 7 anos de namoro "corrido". Soma-se a isso mais uns 18 meses separados e 6 meses do namoro inicial, dá uma bela porção de tempo que somos um casal. Nunca fomos um casal mais ou  menos, indeciso, em cima do muro. Tenho a impressão que casamos no banquinho da avenida em Águas de São Pedro numa noite enluarada muitos milênios atrás.

A fase de grandes gestos e declarações de amor passou, assim como passou a insegurança, o ciúmes, a distância.  Nós não lembramos mais quem ganhou o que de presente ou mesmo se ele me deu flores no dia dos namorados, no natal, no aniversario, já passaram tantos que perdemos as contas. Agora contamos em horas o tempo que falta pra sermos mais.

Tanta distância já percorremos, ele no volante, conversando sobre "e se"s da vida. E se eu tivesse desistido de voltar pra Águas? E se ele nunca nem tivesse pensado em cozinhar? E se antigas paixões reaparecessem? Será que a vida se encarregaria de encontrar-nos de novo, lá pra frente, casados, cansados, infelizes?

Não há paixão arrebatadora que dure para sempre, mas há chama que nunca se apaga, de madeira dura, sólida, perfumada, sábia, madeira que contrói esse amor calmo e tranquilo. Seguro.

Eu sei que ele me ama porque quando estou no presa no trabalho ele lembra de gravar The Big Bang Theory e 2 Broke Girls pra que eu assista depois. Quando eu estou comendo aveia de manhã, ele me lembra de tomar um café, senão vou ficar com dor de cabeça. Quando ele se desdobra em oito pra me fazer uma surpresa e comprar um pingente pra minha pulseira, mas a vendedora da loja liga pra confirmar a entrega e ele fica bravo, porque eu atendi o telefone.

Ele sabe que eu o amo, porque faço um sem-fim de consultas médicas e telefonemas pra ter certeza que o dedão do pé dele não vai cair. Porque agora compramos mais vegetais e frutas do que bolachas e chocolates no supermercado. Porque nunca falta roupa limpa e almoço pronto. Porque eu nunca encosto meus pés gelados nele quando entro na cama à noite. Porque eu entendo tudo o que ele diz em conversas totalmente mudas.

Porque no dia dos namorados nós voltamos pra casa e sem muito discutir, concordamos em jantar mistos-quentes e enquanto ele fazia os sanduíches, eu fazia a salada e nos encontramos na coca-cola, como uma dança bem ensaiada, coreografada com risadas e discussões, musicada com uma composição totalmente inédita, uma harmonia milenar, confortável e linda.

Assim eu sei que ele me ama, como eu sei que o amo com tudo o que há dentro do meu coração.

Porque nós nos casamos há milênios atrás, num banquinho da avenida em Águas de São Pedro com a lua como testemunha, mas seremos sempre namorados.

Amo você, meu amor. Muito muito.

sábado, 9 de junho de 2012

As Maes Joanas

Primeiro: Parabens pro meu pai!! Eeehhh!!! UHHUUUU!! Ontem foi aniversario dele e eu espero que ele tenha comemorado bastante e ganhado mtos presentes. Do outro filho, pq essa daqui comeu bola e nao mandou nada =(

Segundo: momento mimimi. Eu quero ir viajar tambem. Ta todo mundo indo. Pq qualquer lugar. Eu tb quero e essa NZ eh mto longe de tudo e as passagens pra Qualquer Lugar sao carissimas. Pros outros lugares tb! *batendo o pe no chao e fazendo bico* ............. Pronto, passou o mimimi.

Ok, vamos ao assunto entao, pq esse post ja ta pra sair faz um tempao e agora estou sendo ate cobrada! =)


Era uma vez uma rede social agora defunta, era uma vez uma moca que estava noiva e planejando seu casamento a distancia, era uma vez muito tempo sobrando, muito frio e uma internet que vinha por um stick sem-vergonha no laptop velhinho.

Foi uma vez uma magica, um acaso, um milagre que colocou essas 18 meninas noivas ou casamenteiras na mesma comunidade, com esse unico misero fio de assunto em comum.


Nao da pra explicar e se vc me perguntar como aconteceu eu vou falar que foi a mao de alguem la de cima que comecou tudo isso, porque eh a unica coisa que faz sentido.

Como essas 16 a 18 mulheres, agora casadas e com filhos, morando em pontos distintos e distantes nao so do Brasil, mas do globo, se encontraram, da primeira vez ainda noivas e de novo na rede social atual, e nao se largaram mais e agora sem sombra de duvida, sao amigas. Mais do que amigas, somos comadres, moramos na mesma vilinha imaginaria, tomamos cafe nas casas alheias, brincamos com os bebes, com os cachorros.Tirando esse pequeno, minimo detalhe, que nunca nos vimos.

(Ok, nunca eh exagero, pq aquelas que moram em SP ja conseguiram fazer encontrinhos e ja ouviram as vozes das outras e ja abracaram e ate atestam que uma certa advogada eh muito da cheirosa.)

Eu aqui, longe de todas e 15h na frente, so consigo ir dormir depois das 22h, quando uma certa doida da bom-dia no fb que nem um relogio cuco e quando eh feriado ou fim de semana, eu fico ate perdida, sem saber que horas sao. Eu pego o bonde andando, a rabeirinha das conversas e o horario de ir dormir de todas, ate da outra Joana internacional, la dos esteites, que foi a pioneira em publicar videos pra gente poder ouvir azamiga ao inves de imaginar a voz e o sotaque.

Na casa, a gente sabe quem ta na rua, quem ta na loja, quem ta passeando, quem ta precisando de uma forca pq foi fazer exames ou esta entregando tese. A gente da palpite na reforma, palpite na janta, palpite na faxina, palpite ate no palpite, se deixar!

Essas 16 mulheres fortes dividem suas vidas, seus pesares, suas alegrias, suas receitas, suas brigas com os maridos, suas dores do parto, suas perdas, doencas, compras, dicas de viagem, sonhos e uma fe inabalavel de que tudo vai dar certo no final, porque nos estamos todas juntas em pensamento, em coracao, criando uma corrente de positivo que vai da NZ pro Maranhao pra SP pra Campinas pra Uchoa city pra Osasco pra Lapa pra Georgia USA pra Santa Barbara D`oeste pra la e pra ca, carregando maos virtuais que apoiam e levantam.

Damos amem para o correio que entrega mimos e agrados, surpresas inesperadas num dia caotico. Nos somos e estamos para apoiar umas as outras, pra dizer que juntas somos melhores, pra espelhar qualidades que nem sabiamos que tinhamos. Para despertar talentos escondidos. Pra curar os males do coracao. Pra celebrar as boas novas.

E como celebramos os bebes da Casa, todas as tias Joanas apertam, beijam, mandam presentes muito reais, amam de longe os sobrinhos conhecidos por fotos. Celebramos os novos bebes, as barrigas, as tentantes e ate as sonhantes.


A casa da Mae Joana eh nossa vila imaginaria, onde visitamos umas as outras e conversamos regularmente sobre tudo, mas de alguma maneira misteriosa, os topicos descambam e invariavelmente alguem vai falar de sobremesa, mesmo que todas estejam, em algum momento esquecido, de regime.

Eu agradeco todas as mulheres da casa que fazem da minha vida um pouco mais leve, mais divertida e mais normal, como se eu nao morasse no fim do mundo.
Eu agradeco a Deus todo dia, pq com elas eu sou melhor.
Amo muito.



P.S. Nao tenho nenhuma foto pra ilustrar esse post. Sorry.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

The Oaks

 Update da situacao computadoristica la de casa: o laptop HP foi pro Brasil pra tentar ser consertado la, na HP se eles forem caridosos ou na Santa Efigenia se tudo falhar. O outro laptop antigo, Acer, que ja havia passado por uma batalha interminavel pra ser consertado dois anos atras, voltou pras trincheiras e passou por outra batalha de Acerloo pra ser consertado de novo com o mesmo problema anterior,  mas dessa vez de graca e com os custos de postagem pra Auckland cobertos por eles, pq pela primeira vez na historia do universo, uma empresa admitiu que estava errada e concedeu o reparo que estava dentro da garantia.

Porem contudo todavia, ele ainda estava meio capenga quando voltou entao esta atualmente passando ferias no nerd de Ashburton pra ver se melhora a velocidade e o som. Oremos.

Estou falando tudo isso para perder leitores primeiramente me desculpar pela falta de acentuacao apropriada, pela demora em postar nesse blog de novo - vide a promessa que eu fiz alguns posts atras - e pra contar de onde eu estou escrevendo nesse momento. 

 The Oaks of Darfield. Eh onde eu trabalho agora. Se vc me tem no facebook, ja ouviu esse nome por la. Fui eu que criei e comando a pagina deles. Eh uma Bed & Breakfast de 3 quartos e um restaurante classico de 30 lugares.
Comecou com um convite da Sheryl. Ela trabalhava comigo no Terrace Downs e saiu de la com esse sonho de abrir uma pousada e restaurante em Darfield, juntamente com o marido Tom e com o ex-chef Stuart, tambem do Terrace Downs. Eles alugaram entao essa propriedade historica, localizada na frente na nova fabrica de leite da regiao - que ainda esta em contrucao e traz muitas pessoas para a area.
 Eles reformaram a casa, a cozinha, escolheram item por item com carinho, construiram cerca, fizeram quase tudo com as proprias maos e muita esperanca. Eu ja era item garantido ha muito tempo, desde a primeira vez que eles mencionaram, eu ja pulei no projeto e pronto, to dentro. Porque eles sao fantasticos em suas habilidades profissionais e porque a gente se da super bem junto, sem stress, com muita conversa e muita risada e muita musica. Ainda bem, porque eu sou toda a equipe: a banda de uma Maria Fernanda so.
 La no final de fevereiro a Sheryl me ligou e falou vem que ta na hora. Ai eu vim. E fiquei, e vou ficar ate eles encherem o saco de mim, porque eu finalmente me toquei (Aleluia terapia) que, independente do que o mundo diz sobre o que deveriamos estar fazendo da vida, nos temos que fazer o que nos faz feliz e o que nos realiza apesar do dinheiro. Eu nao tenho vergonha de dizer que, aos 28 anos eu sou garconete. Porque eu sei que sou muito mais do uma garconete. Eu tenho total envolvimento com o restaurante, tenho autonomia, tenho poder de decisao e de veto. Sou garconete, lava-louca, gerente do restaurante, bartender, cumim, ajudante de cozinha, gerente do departamento de marketing e midias sociais, florista, comentadora de assuntos diarios,  escolhedora de musica ambiente, barista, assistente pessoal, camareira, escritora de cardapio, somellier, fotografa oficial, recepcionista, estoquista, coordenadora de casamentos, salvadora da patria, tecnica de IT, boleadora suprema de manteiga. Eu lavei na mao cada item que esta hoje no restaurante, cada colher, cada taca.
 Descobri a formula magica de ter um negocio do coracao sem ter um tosta. Nunca fui empreendedora e nunca quis ter um negocio so meu, mas aqui eu invisto meu tempo, meu carinho e ate meus trocados, porque em nenhum outro lugar eu poderia ficar de pantufa e calca de moleton o dia todo. E dormir no office - tenho a minha propria cama. E ter acesso irrestrito ao laptop, a cozinha e ao bar. E so trabalhar 3 dias por semana. O lado ruim eh que eh longe da minha casa, entao eu venho e fico aqui no fim de semana, para o imenso desgosto do marido e do cachorro. Hoje, por exemplo, eu fiquei presa por causa da neve e daria meu braco esquerdo pra poder voltar pra casa.
Acho que eu escrevi esse post todo pra dizer que estou profissionalmente feliz e satisfeita, porque sinto que as pessoas me veem so como dona-de-casa. Sou eh sortuda: dona de casa 60%, Super Maria, FB genie de The Oaks of Darfield 40%.  Infelizmente meus colegas de trabalho nao vao ler isso, mas eu sou imensamente feliz aqui. Espero que eles nao cansem de mim tao cedo.