segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Expat

expatriate
adj
1. resident in a foreign country


Ser expatriado é viver lá e cá. É ter metade do coração num continente, metade noutro. É chegar em casa depois de um dia de trabalho fisicamente cansada não pelo trabalho, mas por ter que falar inglês o dia todo. É querer pintar o cabelo de loiro só pra ver se param de perguntar de onde vc é. Ter que explicar política, corrupção e imensidão pra gente que não tem nem noção de como pode ser ruim. É ter que se acostumar com comida nova, água nova, coca-cola nova. Tentar entender como existe gente que come sanduíche de batata frita ou torrada com spaguetti em lata. Ou como eles viveram até hoje sem comer jabuticaba. É, de vez em quando, se sentir alienígena.
É ter que se preocupar com coisas que reles mortais nem pensam, é ter uma relação de amor e ódio com a imigração e pensar todo dia que aquele adesivinho sem-vergonha no passaporte decide cada movimento que fazemos.

É simplesmente não conseguir decidir entre ir e ficar, ficar e voltar, ficar, voltar ou sei lá.

E mesmo depois 2 anos e tanto, ter dias que a única coisa a fazer é chorar de saudade, porque não há dinheiro no mundo que substitua pessoas importantes.
Nesses dias a gente entende quem não aguenta e volta: porque há horas que é insuportável e só quando o computador já está aberto, no site da companhia aérea com a compra da passagem pra amanhã quase feita, que o cérebro toma conta de novo.

O coração já fez as malas e está com a chave do carro na mão.


Meanwhile, mamãe e papai estão aproveitando férias maravilhosas na Itália. Espero que eles estejam tirando fotos e registrando tudo, mas mais importante, assimilando e lembrando tudo.

3 comentários:

Carol disse...

Mafe querida, eu não tiro uma vírgula sequer do que vc disse nesse post!!!! a saudade às vezes faz a gente pensar demais em dar um basta em tudo; que a comida é ruim, que queremos nosso requeijão e pão de queijo de volta (ou até mesmo aquele misto quente ou coxinha vagabundinhos do SENAC nessas horas pareceria uma refeição dos deuses) ao invés de peanut butter and jelly. Mta gente não entende os sacrifícios que fazemos e a dor que é de estar longe do que amamos, mas para fazer e correr atrás dos sonhos que tanto desejamos alcançar. Fica aqui meu beijo e abraço longínquos do outro hemisfério entendendo cada palavra dita.

MARIO SURCAN disse...

Só sei que expatriado deixa muitas saudades aos que ficam...

Um brasileiro disse...

Oi moça. Tudo blz? É. Você tem razão. Apareça or lá. Abraços.