terça-feira, 6 de março de 2012

O post mais pessoal de todos.

*Respira fundo. Inhale. Exhale*

Não vai ser fácil.

Depressão. Eu tenho. (tam-tam-taaaaammmm)
Suspeitava e depois de uma conversa com o meu médico e um encaminhamento para uma enfermeira-terapeuta (brief counselling, eles chamam), algumas consultas feitas, agora eu tenho também minha própria cartelinha de fluoxetina, dosagem mínima, por um mês.

(Ok mãe, pai, não adianta me ligar agora que é de madrugada aqui e eu estou dormindo.)

Eu estou melhor. Estou melhorando. Os dias realmente ruins já passaram e os bons vêm com mais frequência.

Eu queria escrever esse post por mim, para ver se "no papel", isso tudo deixa de ser tão tabu, tão assustador, tão grande. Por que não é, não deve ser. É um desequilíbrio químico. Não é um sinal que eu sou infeliz, que minha vida é ruim, que meu marido me bate ou que o cachorro me odeia. Não é culpa dos meus maravilhosos pais, eles fizeram tudo certo.

Não é minha culpa, nem do maridão - o santo, nem do cachorro.
Eu não sou preguiçosa. Não sou chata, esnobe, tímida, muda, burra.

É um desequilíbrio químico: meu cérebro não está conseguindo processar as sinapses felizes e me larga só com as outras. Isso tem acontecido desde maio passado, mais ou menos. Bem devagarinho, começa como saudade, depois uma tristeza inexplicável que não vai embora nunca mais e lá para outubro a sensação era estar na areia movediça até o pescoço, morna, confortável, absolutamente imóvel e imobilizada, sem motivo e sem razão de ser.

Em janeiro, decidi que não dava mais, que eu queria muito rir de novo, então procurei meu médico. Comecei a terapia em fevereiro, uma escada pra sair da areia movediça.

De novo, estou melhorando. Por recomendação médica, converso o máximo possível com minhas amigas. Ainda bem que a Mariana aprendeu a usar Skype, 4 anos depois. Ela, que é minha fonte de conhecimento médico, me tranquilizou e disse que eu não sou louca. As meninas da Casa, lindas desconhecidas, me certificaram que eu não sou a única louca. Minhas amigas kiwis vêm me visitar e não questionam o fato de eu ter passado os últimos 7 meses sem trabalhar. Elas vêm sem agenda e sem julgamento.

Da maneira mais difícil, separei o joio do trigo quando deixei de ter disposição e meios. O joio nunca me perguntou como eu estava ou se eu precisava de ajuda, simplesmente assumiu que eu havia me tornado uma doméstica glorificada, teúda e manteúda, uma chata, um peso morto que não compra mais nada. O trigo simplesmente está, em emails, telefones, abraços virtuais, presentes pelo correio, mensagens, lembranças.

Vamos lá, mais uma vez caso tenha passado batido: estou melhorando. Não vou morrer disso, nem vou me tornar uma doida dependente de remédios. Estou melhorando. Se vc me perguntar, prefiro não falar sobre isso. Prefiro escrever. Por quê? Porque eu choro. Involuntariamente.

Então de novo: estou melhorando. É um pobrema na fiação e eu continuo a mesma pessoa de sempre. Mesmíssima, juro. A razão pela qual eu não falei sobre isso antes era vergonha. Vergonha mesmo. Agora eu não tenho mais vergonha, porque estou cuidando do problema e daqui uns meses, não quero nem lembrar dessa fase. Não quero nunca mais estar assim de novo, vivendo essa meia-vida.


Assunto encerrado. Grata pela atenção.