E devo avisar as professoras de inglês por aí que ninguém fala "restroom" ou "bathroom". Aqui é toilet. Não pronunciado "toalete", como nos indicam as plaquinhas de churrascaria no Brasil afora e afrancesado, mas sim tóiletch. Ou ocasionalmente, "the loo", mas muito ocasionalmente.
Antes de começar, devo avisar que só visitei o lado feminino desses estabelecimentos e só por eles posso garantir informação. Do outro lado, só ouvi falar.
São sempre limpos, organizados, nunca falta papel higiênico, o dito não é modelo lixa e o lixo nunca está transbordando. O lixo, como conhecemos, não existe. Todo o papel é descartado no vaso e os outros itens que possam vir a se apresentar, são descartados numa lixeira pequena, com tampa modelo boca-de-lobo: vc deposita o item numa gaveta, fecha a tampinha e num passe de mágica, sumiu, para dentro do recipiente que é mantido com algum tipo de sanitizante e que as pessoas responsáveis pela limpeza não podem abrir simplesmente e recolher.
As pias têm (momento de dúvida sobre a nova grafia da língua portuguesa) água quente às vezes e sabonete sempre e raramente se encontra papel para secar as mãos, sendo utilizado o secador elétrico com ventinho quente.
Alguns desses banheiros viraram marcos da cidade e atração turística, como esse daqui que fica em Bay of Islands na ilha norte e foi desenhado pelo arquiteto Frederick Hundertwasser e agora é o banheiro público mais fotografado da NZ, com toda a razão.
Eu me lembro do banheiro de Waimate, que tinha na porta um banco com uma estátua de um homem, que parecia muito o banco do McDonalds da Henrique Schaumman, com o Ronald estátua perpetuamente sentado.
Ou o banheiro de Chch, que fica no terceiro andar de uma construção na praça da Cathedral, mas todo mundo sabe onde é. E em Auckland com seus banheiros tecnológicos ao lado do ponto de ônibus, umas caixas de metal totalmente auto-suficientes. Por muito pouco o vaso não tirava sua calça pra vc. E em Palmerston North, maravilhosos banheiros art-deco, lindíssimos e gigantes.
E seu ponto, Maria Fernanda?? Calma, tá chegando.
Semana passada, uma cidadezinha na ilha norte que eu tive a sorte de passar virou notícia por causa do seu banheiro público.
A cidade de Bulls quer doações e fundos para reformar seus banheiros. Querem fazer do prédio um símbolo turístico e marco da cidade.
Querem construir um prédio em formato de touro. Mais especificamente, da parte traseira de um touro. Strong like a bull, como diz o Brent.
Não, eu não estou brincando.
Eu acho que não vai rolar, mas prometo ir lá de novo se fizerem só pra tirar uma foto.
Um comentário:
Filha linda
Fico cada vez mais orgulhoso ao ler seus textos. Você consegue transformar uma trivial visita ao banheiro em algo interessante.
Kiko Mazziotti
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